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A importância do exercício da disciplina cristã ao longo da vida

Eli, Sumo Sacerdote e Juiz de Israel, criou e disciplinou Samuel. Porém não foi capaz de fazer o mesmo pelos filhos que teve. E assim, seus descendentes exerceram de maneira vergonhosa e sem temor a Deus, o ofício sacerdotal ensinado pelo pai.
Baseado na experiência de Eli, meditemos em pelo menos três momentos importantes da vida nos quais a disciplina deve ser bem aplicada. 

O primeiro acontece com o personagem na figura de pai, para o qual nos alertam os seguintes versículos bíblicos:
1) ''Ensinai os mandamentos do SENHOR aos vossos filhos, conversando acerca deles quando estiverdes sentados em casa, no momento em que estiverdes andando...'' Deuteronômio 11:19  2) ''Ensina a criança no Caminho em que deve andar, e mesmo quando for idoso não se desviará dele!'' Provérbios 22:6  3)''Os vivos, só os vivos é que podem te louvar e cantar como estou fazendo hoje. Os pais contam a tua fidelidade a seus filhos''. Isaías 38:19

Tais versículos destacam o quão se faz valoroso incentivar a educação cristã durante a infância e adolescência. Os pais devem exercer a tarefa de imprimir o caráter de Cristo nesses jovens. Uma responsabilidade intransferível. E independente destes  se tornarem pessoas que vivenciam os ensinamentos de Cristo ou não, é dever da família ser crente para educar na disciplina, no amor e no temor a Deus.

Na Suécia, por exemplo, a falta de correção causou danos no caráter das crianças. Veja o que relatou um jornalista em outubro de 2013:
No início de outubro, o jornalista Ola Olofsson relatou seu espanto após ter ido à sala de aula de sua filha: "Dois garotos se xingavam, e eu não fazia ideia de que com apenas 7 anos de idade era possível conhecer aquelas palavras. Quando eu tentei intervir, eles me insultaram e me disseram para eu ir cuidar da minha vida", conta à AFP”. (Portal Terra de notícias - 29 de Outubro de 2013 - www.terra.com.br/noticias/mundo/europa)

Apesar de ser difícil para os pais, a infância e a adolescência dos filhos é também difícil para eles mesmos, pois nasceram em uma sociedade tecnológica, materialista, egocêntrica, avessa aos princípios de Cristo. Sendo assim, nestas fases os pais são desafiados a ser muito mais cristãos. Necessitando, para a glória de Deus, ensinar não somente com palavras, mas principalmente com exemplos.

O segundo momento tem a ver com Eli na figura de líder religioso. Como tal, esperava-se que fizesse alguma coisa em relação às graves imprudências dos sacerdotes, que por ventura eram também seus filhos. Contudo, ao invés de aplicar a correção que lhes era devida de acordo com a autoridade que lhe foi outorgada, apenas exortou – os como pai, contudo, sem destituí - los dos cargos. Os mesmos continuaram a profanar o culto a Deus e a corromper o povo porque não foram punidos.

Na vida cristã religiosa, a omissão dos líderes com relação ao exercício da sua função de reparar comportamentos inadequados não só contribui totalmente para que o indivíduo se perca, como também para a decadência da estrutura eclesiástica. E neste sentido Eli falhou, foi omisso quando deixou de corrigir e disciplinar os sacerdotes que profanavam o culto a Deus.

O terceiro momento que me faz refletir acontece com os filhos de Eli na vida adulta.

A maioridade é o momento no qual temos a oportunidade de colocar em prática o que aprendemos durante a infância. E para experiência – la plenamente, é preciso ter aprendido bem sobre respeito, humildade e temor a Deus. Principalmente depois dos 18 anos, em que somos responsáveis por nossas decisões. O problema da falta de retificação na infância pode ser visto na adolescência por meio do desrespeito e da rebeldia. Com a maioridade, as imprudências se agravam. Afinal, a sensação de liberdade, força e poder alimenta ainda mais o ego, que passa a resistir à correção. 

Acerca disto, encontramos na carta de Paulo aos Hebreus a seguinte exortação: “Meu filho, não desprezeis a disciplina do Senhor, nem desanimeis quando por Ele sois repreendido, pois o Senhor disciplina a quem ama, e educa todo aquele a quem recebe como filho. Além do mais, tínhamos nossos pais humanos que nos educavam, e nós os respeitávamos. Quanto mais devemos toda obediência ao Pai’’. Hebreus 12:5,6,9

Ao cometer atos de indisciplina uma pessoa perde o respeito pelos pais, líderes eclesiásticos, idosos. E dentre os estágios da falta de bom senso que experimenta, quando não há mais temor a Deus, ocorre a destruição de sua vida. É o caso dos filhos de Eli, que o desacataram como pai, como líder eclesiástico e que por fim, blasfemaram contra a pessoa de Deus. 

O que podemos observar e aprender com isso é que precisamos ter mais coerência e firmeza ao educar os filhos na infância e na adolescência. Se quisermos que os filhos vão à igreja, precisamos não simplesmente enviá – los, mas ir com eles. Ao corrigir por falarem palavrão, então que não falemos também. Contudo, não podemos pensar que ser coerente seja mais um daqueles métodos mágicos e infalíveis, ou que com isso, os filhos serão irrepreensíveis. Mesmo diante de tantas correções e disciplina, dia após dia eles vão tomando suas decisões. E quando chegam à maioridade, assumem os riscos por suas decisões e colhem o que plantam. E neste sentido, devemos lembrar também que há filhos que mesmo sem ter o exemplo dos pais, acabam proporcionando orgulho para eles.

Portanto, não existe uma regra exata para o assunto. O que existe são pais empenhados na missão de educar seus filhos à maneira de Deus. Existem líderes que não se omitem e buscam cumprir suas obrigações com amor e temor a Deus. E por fim, existem filhos que durante a vida, foram se aprimorando no exercício da disciplina, trilhando o caminho da humildade, do respeito e do temor a Deus, ou que decidiram pelo caminho oposto. O ideal é que no mesmo tempo em que exerçamos a nossa autoridade para educar, também nos ocorra de refletir sobre a nossa conduta, buscando meios de consertar nossas falhas. Sendo, portanto, a disciplina e a correção como uma via de mão dupla.
Harry Érick


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