"Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos". Salmos 51:16
Davi parece muito avançado para o seu tempo. Tal declaração caberia muito bem no Novo Testamento, porém, longe de ser entendida no Antigo Testamento, pois era uma época em que holocausto e sacrifícios eram de estrema importância para adoração e perdão de pecados. Outra declaração como esta se encontra em I Samuel 15:22: "Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros".
Houve em Davi e Samuel uma compreensão avançada sobre a essência do perdão e da adoração. Esta compreensão nos informa que os atos religiosos não tem valor algum se no coração não houver arrependimento genuíno. Em uma conversa franca, Cristo declara à mulher samaritana em João 4:21, 23: "Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem". Também diz aos seus discípulos em Mateus 7:21: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus". Isso para que fique bem claro que não é por meio de sacrifícios e holocaustos, mas por meio de Cristo. Que não basta cumprir os rituais, é preciso querer mudar, fazer parte da mudança.
"Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus". Salmos 51:17
Enquanto a "velha guarda", pessoas como Davi e Samuel avançam em sua intimidade com Deus, a "jovem guarda" regride, substituindo "um coração quebrantado e contrito" pelo formalismo religioso, pelo ritualismo, pela religiosidade moralista. Insensíveis aos seus pecados, incompreensíveis para com o pecado alheio. Como pessoas religiosas e muito bem doutrinadas, o mundo vai bem, obrigado. Porém como adoradores, que têm em sua essência a centralidade da cruz de Cristo, e reconhecendo a necessidade de ser nova criatura, estamos indo de mal a pior. Pois a religião não transforma vidas, apenas aponta o caminho.
A religião é como alguém apontando o caminho até Cristo. Ela não é propriamente o Cristo. É muito fácil se perder, se confundir. Os que se detém na religião e se conformam com ela tentam encontrar conforto, abrigo, proteção, perdão. Não enxergam que a religião é apenas um paliativo para os sofrimentos humanos e a falta de esperança no mundo. Cristo sim, é a resposta que procuramos, e é nele que podemos nos apoiar.
Permanecer confortável em bancos almofadados ao som de belos cânticos num ambiente com ar-condicionado é o sonho de todo religioso. Se há uma graça que precisa ser alcançada, basta ir na igreja, dar dízimos, ofertas, orar, fazer campanhas. Porém, reconhecer que é pecador, que necessita de perdão e que precisa ser uma pessoa transformada e regenerada para Deus, é coisa de cristão, está longe de ser o sonho e o desejo de um religioso.
Harry Érick
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