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Amor e Graça: o princípio da submissão


"E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave" Efésios 5:2
A falta de compreensão da submissão a partir do princípio do amor pode nos levar a um relacionamento de medo e dominação. Ao longo do tempo, isso pode afetar diretamente a visão que construímos a respeito da pessoa de Deus, como também pode vir a interferir na maneira como nos relacionamos com ele, com o próximo e a criação.
Falamos muito sobre submissão, principalmente em nossos diálogos religiosos: Submissão a Deus, submissão aos líderes, submissão ao próximo, honrar o próximo, tratar o próximo como superiores a nós. O que muitos se esquecem ou não sabem, é que o princípio da submissão a partir de Cristo é o amor. Quando lemos em João 3:16 "que Deus amou o mundo de tal maneira", percebemos que a ação de Deus para fazer o que fez é amor. E quando lemos textos como Filipenses 2:6-11 e Efésios 5:2, observamos que Cristo amou o Pai e o mundo a ponto de se submeter à vontade de Deus Pai por amor a nós. Logo, entende-se que sem amor não há como praticar a submissão.
Muitos entendem que devem obediência a Deus porque ele é poderoso, soberano, onipotente, onipresente, criador, justo, perfeito, etc. Porém, quando desconsideramos a dimensão do amor e da Graça de Deus por nós, o resultado da desobediência a Deus será sempre castigo ou condenação. E se é assim que se dá esse relacionamento, as pessoas acabam submetendo-se a Deus não por amor, ou porque ele nos ama, mas por sua superioridade, dominação ou medo. Dessa forma, a imagem que construímos de Deus às pessoas, é de que ele é um carrasco egoísta. E passamos para as pessoas que se não fizermos o que Deus nos manda, seremos castigados, punidos ou condenados.
Um líder que obedece a Deus por que tem medo dele fará o papel de opressor para com as pessoas. Fará com que as pessoas tenham medo ou sintam remorso a fim de que obedeçam a Deus. Dessa forma, uma releitura dos textos bíblicos feita a partir de tal visão nada mais é do que fruto do medo ao invés de ser fruto do amor e da Graça de Deus. E se é assim que nos comportamos para com Deus, tanto mais será para com o próximo e toda a criação.
Quando o ser humano se deixa levar por suas paixões e desejos desenfreados, ao invés de cuidar da criação, servir a Deus e ao próximo em amor, ele serve a si mesmo. Busca para si glória, honra e poder. Tudo isso acontece de maneira religiosa, contudo, nem um pouco cristã. Com a desculpa de que é para Deus, mas no fim, é apenas uma satisfação do ego e da sua própria vontade. Assim, enquanto ouvimos Cristo dizendo "seja feita a vontade do Pai e não a minha", estamos constantemente afirmando, não com palavras, mas com nossas atitudes, que é a nossa vontade que importa. E neste ponto se dá o conflito entre os desejos egoístas da carne e a vontade do Espírito Santo de Deus. 
É a partir do nosso egoísmo que começamos a nos perder, se afastando de Deus, que é amor, para se achegar mais perto da religião, que sem a graça e o amor de Deus, é opressão.  O egoísmo compete com o amor, com a vontade de Deus. Um líder cujo deus é a sua própria vontade fará da sua religião, das suas crenças, um meio para oprimir as pessoas e satisfazer suas vontades egoístas. Assim, uma religião sem Deus, sem amor e sem a Graça de Deus, é apenas um amontoado de regras. Não serve para nada a não ser para oprimir, perverter e matar a fé de quem ama a Deus e o serve por amor.
A submissão a Deus implica em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Está também diretamente ligada à Graça de Deus que nos amou sem merecimento algum. Quem entende o amor por intermédio da Graça e do perdão de Deus, obedece, não por medo ou superioridade, mas por amor. A essência da submissão está em Cristo, que, vivendo em amor, "se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave" Efésios 5:2. E a ordem é a mesma para cada um de nós, pois assim como Cristo amou e se submeteu ao Pai, assim também andemos nós em amor e obediência. E se de fato entendemos este princípio, não ousaríamos cobrar submissão de ninguém, pelo contrário, estaríamos prontos a servir a Deus de maneira voluntária e espontânea em favor do próximo. Neste sentido, estabelece-se um vínculo de amor e reciprocidade. Firma um relacionamento de harmonia entre Deus, próximo e a criação.

Sem amor, a nossa submissão não passa de um relacionamento sem graça, e sem Graça (graça de Deus). Um tipo de escravidão baseada no medo, dominação e satisfação egoísta. Da mesma forma, uma religião sem Deus, sem amor e sem a Graça de Deus, é apenas um amontoado de regras. Não serve para nada a não ser para oprimir, perverter e matar a fé de quem ama a Deus e o serve por amor.
Harry Érick

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