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Industrialização da fé



Não paramos para pensar, ou talvez não prestamos atenção, que antes de ir e fazer, é preciso SER discípulo de Cristo.
Esquecemo-nos de que Cristo, em Mateus 28:19, está falando para discípulos, ou seja, pessoas que creram em Cristo como Senhor e salvador, que deixaram tudo para seguir a Cristo, que aprenderam com ele e foram transformados pelo Evangelho. Isto nos leva a pensar que, embora muitos falam de Cristo, poucos são os que de fato são discípulos. Por esse motivo, é melhor seguir o conselho de Cristo acerca dos fariseus, religiosos da época: "Fazei e guardai, pois tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem" Mateus 23:3

Antes de qualquer ação, o SER discípulo de Cristo é o que mais importa.


Muitos hoje em dia estão tão sobrecarregados de pesados fardos religiosos ou tão atarefados com a vida no seu dia-a-dia que mal conseguem parar para refletir sobre suas ações e nem percebem seu comportamento destrutivo. A industrialização da fé está desviando o nosso foco de Cristo e fazendo com que o SER nova criatura a partir de um compromisso e um relacionamento com Cristo seja substituído pelo fazer coisas para Cristo. Nessa correria de querer fazer, quanto mais se faz maior fica o “status” da fé. Não é à toa que vemos pessoas cansadas, sobrecarregadas, quebradas, doentes e depressivas. Vivem por conta de sustentar "status", aparência e popularidade. Não há Graça alguma no fazer discípulos sem antes SER discípulo. Pois o fazer deve ser uma conseqüência do Evangelho de Cristo em nossa vida. Já alertava Cristo quando dizia: “Vinde a mim todos que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei” Mateus 11:28. Porém, ainda assim não tem sobrado tempo para chegar a Cristo.

Estamos sempre muito ocupados fazendo algo para Cristo, ou para nós mesmos. Não há tempo para ser nova criação, não há tempo para família, não há tempo para se reunir no templo, não há tempo para orar, não há tempo para ler a bíblia, não há tempo para ouvir uma pregação. Assim também, como não há tempo para estas coisas, outras começam a declarar falência, tais como a paciência, a misericórdia, o amor, o perdão, o arrependimento, a humildade. Não há tempo para ser discípulo, por isso, não há tempo para ser transformado pelo Evangelho. Marta é quem diga (Lucas 10:38-42), pois convidou Cristo para ir em sua casa, e chegando lá, não teve tempo para sequer conversar com seu hóspede, pois tinha muitas coisas para fazer. Cristo não disse que Marta não deveria fazer algo, mas observou que uma só coisa já seria suficiente. Ou seja, poderia ter diminuído as tarefas e passado um pouco mais de tempo com Cristo, assim como Maria fez.

Assim como o fazer por fazer, por “status”, por obrigação, por religiosidade, popularidade, é enfado e canseira, o ir sem propósito e sem objetivo é perda de tempo. Se não há tempo para refletir em nossas ações como ser humano à luz da Palavra de Deus para que haja mudança de mente, de hábito e de vida, por que então insistimos em ir e fazer tanto? Os frutos de tais atitudes são estranhos à fé Cristã, pois ao invés de nos levar a uma vida cristã transformadora e saudável nos leva a uma fé religiosa destrutiva cujo maior objetivo é satisfazer o ego e não a Cristo.

Embora seja certo afirmar que a Palavra de Deus nunca volta vazia, não podemos nos conformar com uma adoração vazia. Vazia de Cristo, vazia de Palavras de Cristo, vazia da comunhão com os irmãos e do partir do pão, vazia de testemunho, vazia de mudança e de transformação. Não podemos deixar que a industrialização da fé faça com que nos tornemos fantoches da religião, um escravo do mundo ou um robô programado. Há muita religião no discurso, pouca Graça no conteúdo e nenhuma vida no interlocutor. Antes de Ir e fazer, SEJA um discípulo. Isto é o que mais importa, o restante é consequência.

Harry Érick

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