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Pastoral das necessidades

 

"E Jesus ia passando por todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando as boas novas do Reino e curando todas as enfermidades e doenças. Jesus pede mais discípulos. Ao ver as multidões, Jesus sentiu grande compaixão pelas pessoas, pois que estavam aflitas e desamparadas como ovelhas que não têm pastor”. Mateus 9:35,36

Nossas necessidades apenas apontam para algo mais sério, mais profundo. Como dizem, “é apenas a ponta do Iceberg”.

A narrativa diz que primeiro Jesus percorre cidades e vilarejos, pregando, ensinando e curando enfermidades e doenças. Só então Jesus conclui dizendo: "São pessoas aflitas e desamparadas, como ovelha que não tem pastor".

Partindo das necessidades básicas Jesus chega à uma conclusão aprofundada sobre a real necessidade dessas pessoas e como elas estão se sentindo. Isso nos mostra que, constantemente confundimos necessidades com prioridades.

Na maioria das vezes tratamos o problema, porém, deixamos de tratar a causa do problema. Suprimos a necessidade, mas nos esquecemos das prioridades. Podemos pensar que, a solução de um problema financeiro, por exemplo, necessariamente não é a falta de dinheiro, mas a falta de disciplina financeira. O problema de uma relação abusiva nem sempre é o abuso sofrido, mas a passividade e a falta de imposição de limites por parte do que sofre esses abusos. E tudo isso não foi construído de uma hora para outra, levou anos até aparecer os primeiros sintomas.

Poucos momentos que Jesus passou com o povo, ele percebeu, de uma maneira mais profunda, as suas reais necessidades.

“estavam aflitas e desamparadas”

Para muitas pessoas, a solução para todos os seus problemas pode ser encontrado numa farmácia, num supermercado, nas compras no shopping, numa conta bancária farta, num momento de férias, num bar, numa latinha de cerveja, num relacionamento ou num encontro de amigos. Porém não se dão conta que suas emoções, seus sentimentos, a sua alma está clamando por socorro.

O cuidado de Cristo vai além de nossas necessidades básicas. Seu olhar penetra o nosso coração e ele sente nossas dores e angústias. Ele nem sempre corresponde da maneira como queremos ou esperamos. Ele nos dá o que de fato precisamos. E esse cuidado choca, porque temos dificuldades de nos entregar, ou de entregar esse cuidado a Cristo. Muitas pessoas estão doentes da alma, mesmo tendo todo o cuidado básico que precisam, ou tendo muito além do básico. Não consideram suas emoções, seus sentimentos e sua espiritualidade.


A ação de Jesus aqui para com essas pessoas foi, além de atender suas demandas físicas, ele também orientou e pregou o Evangelho do Reino de Deus.

Por outro lado, Jesus também diz:

“Como ovelhas que não têm pastor”. 

A observação de Jesus a este respeito é digo de nota, pois, quantos líderes e pastores existiam em seu tempo e ele observa que as pessoas têm falta de pastores, de liderança, de cuidados. Isso quer dizer que, ou existiam muitas pessoas intituladas pastores, porém não o eram, ou existiam pastores, mas eles deixaram de pastorear pessoas, de exercer sua função por conta de outras demandas ou necessidades pessoais. Esses pastores deveriam estar fazendo o que Jesus estava fazendo, orientando, motivando, dando assistência e conduzindo essas pessoas para Deus.


Acredito que não é diferente nos dias de hoje. Por conta dessa busca frenética por prazeres e futilidades, até aqueles que deveriam exercer a liderança espiritual na vida das pessoas, ou estão perdidos em fama, sucesso, dinheiro e prazeres momentâneos, ou abandonaram o seu chamado por não conseguirem sustentar sua família. Contudo, ainda existe aqueles que perseveram em seu chamado e continuam exercendo o seu pastorado de maneira fiel e responsável. Contudo, o contingente diminui a cada dia que passa.

O que fazer para atender a esta demanda?

“orai ao Senhor da seara”

Jesus podia muito bem dizer: “Vou pedir ao meu Pai para enviar mais pastores”. Ou poderia ter dito: “Vou falar com o sumo sacerdote para resolver este problema”. Mas não. Jesus se direcionou aos seus discípulos e propôs uma solução. Ele disse: “Orai ao Senhor da ceara”.

Como discípulos de Cristo, é de nossa responsabilidade enxergar, assistir e orientar essas pessoas de acordo com a vontade de Deus. Por isso Jesus diz aos seus discípulos, e não aos religiosos, fariseus, escribas, e nem à multidão, mas aos seus discípulos.

É digno de nota que devemos "orar - ao Senhor da seara". Isso que dizer que, embora somos responsáveis pela colheita, é o Senhor que é responsável em enviar os ceifeiros. Ou seja, os pastores devem ser enviados por Deus, e não por ninguém mais. Devem trabalhar para Deus e pastorear de acordo com os propósitos de Deus. Se não for assim, não são pastores, mas lobos devoradores.

E não é preciso dizer que, para atender à demanda, precisamos ORAR. Isso implica que aqueles que pastoreiam devem usar desse recurso para se achegar a Deus. Deve ter intimidade com ele e deve estar firme em seus propósitos e vontades. Além de trabalhar, devemos ser pessoas espirituais, que usar de maneiras e formas espirituais para ser ouvidas e atendidas. ORAR requer disciplina, devoção, intimidade, santidade e busca. E devemos orar ao Senhor da seara, reconhecendo o seu Senhorio e a sua santidade.

Para identificar nossas prioridades, precisamos ir além das nossas necessidades ou problemas. O que Jesus nos ensina é que precisamos reconhecer que, embora possamos suprir nossas necessidades físicas e materiais, só Deus pode curar e satisfazer as necessidades da alma. Oremos ao Senhor da seara para que enviem mais pastores segundo o seu coração e que ele supra a necessidade do corpo, mas principalmente da alma.

Harry Érick

 


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